Revolução Constitucionalista de 1932

A Revolução Constitucionalista de 1932 foi um dos principais acontecimentos do início da Era Vargas.
Voluntário segurando a bandeira paulista durante a Revolução Constitucionalista de 1932
Voluntário segurando a bandeira paulista durante a Revolução Constitucionalista de 1932
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Por Me. Cláudio Fernandes

Com a chamada Revolução de 1930, Getúlio Vargas, com o auxílio de militares, tornou-se o líder de uma “nova república” após a deposição de Washington Luís, o último dos representantes da política das oligarquias, que caracterizou a República Velha. A “missão” dada a Vargas era a de centralizar o poder político, desmantelando as forças políticas mantenedoras de hegemonias regionais. O estado de São Paulo, um dos principais celeiros de agentes políticos das República Velha, foi um dos focos de resistência ao governo de Vargas. A Revolução Constitucionalista de 1932 foi o ápice da revolta contra o governo federal. Naquele ano, São Paulo tornou-se o palco de uma guerra.

Muitos fatores contribuíram para a Revolução Constitucionalista de 1932. O principal deles relaciona-se com o nome que essa revolução levou consigo, isto é, desde que Vargas havia assumido o poder, ainda não tinha sido elaborada uma constituição para legitimar a “nova república”, e isso era visto como um ultraje político, não apenas em São Paulo, mas também em outros estados. Além do mais, Vargas governava de modo autoritário (ainda que nessa época não tivesse sido instalada a “ditadura do Estado Novo”), nomeando interventores para cada estado, como foi o caso de Pedro de Toledo, em São Paulo.

Em São Paulo, muitas organizações antigovernistas começaram a se articular para tomar de assalto o poder. O movimento tenentista estava inserido nessas organizações. Uma das principais era o Partido Democrático. Em outros estados, como no Rio Grande do Sul, organizações como a Frente Única Gaúcha romperam com Getúlio Vargas e associaram-se com os paulistas. Militares de outras regiões, como de Minas Gerais, também fizeram o mesmo. O estopim para o desenrolar do conflito foi a invasão de um jornal tenentista na cidade de São Paulo. Quatro jovens foram assassinados nessa ocasião: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. As siglas de seus nomes foram usadas na formação do agrupamento MMDC, um dos muitos que se juntaram ao PD e aos tenentistas.

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No dia 09 de julho começou o levante contra o governo federal. O objetivo era sitiar a cidade do Rio de Janeiro e obrigar Vargas a renunciar ou a capitular, isto é, concordar com as exigências dos revoltosos. Entretanto, a união das forças de São Paulo com as de outros estados não se fez de forma completa e o contingente de combatentes acabou ficando bem inferior ao das forças governistas. Eram cerca de 18 mil homens do governo contra 8.500 revolucionários. Além do mais, o governo federal dispunha de artilharia pesada e do auxílio da marinha e de aviões que bombardearam a capital paulista.

Foram quase três meses de um conflito que se concentrou dentro do estado de São Paulo. Sobre o processo do conflito, diz o historiador Boris Fausto:

[…] O ataque sobre o território paulista foi lançado a partir do sul do Estado, da fronteira com Minas Gerais e o Vale do Paraíba. De meados de setembro em diante, a situação dos revolucionários tornou-se cada vez mais precária. Os mineiros ocuparam Jundiaí e Itu e, no Vale do Paraíba, as tropas federais ganharam terreno, entre marchas e contramarchas. A ameaça de ocupação da cidade de São Paulo tornara-se real. Por fim, representantes da força pública paulista reuniram-se em 1º de outubro de 1932 com o general Góis Monteiro, em seu quartel-general de Cruzeiro, no Vale do Paraíba. A Força Pública decidiu render-se, em um gesto que poupou vidas e pôs fim às últimas esperanças de resistência.” [1]

Mesmo tendo perdido a guerra, os revolucionários de 1932 acabaram por pressionar o governo federal a elaborar uma constituinte no ano seguinte, fato que resultou na redação da Constituição de 1934.

NOTAS

[1] FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2013. p. 299.

Por Cláudio Fernandes

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