Mumificação no Egito Antigo

Mumificação era uma técnica usada no Egito Antigo para conservar restos mortais de seres humanos e de animais. Acreditava-se que era essencial à passagem para outra vida.
Representação do processo de mumificação no Egito Antigo.
Representação do processo de mumificação no Egito Antigo, mostrando o deus Anúbis próximo ao sarcófago de Tutancâmon.
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A mumificação no Egito Antigo era um processo ritualístico fundamental na religiosidade daquele povo, pois preservando o corpo, acreditava-se que o espírito, após a morte, teria uma vida eterna confortável. Também por isso, os corpos eram enfeitados, enterrados com seus pertences e até com animais (também mumificados). Para a mumificação, um minucioso processo de retirada de órgãos era feito, mantendo apenas o coração, que seria o guia à outra vida. Tal processo era realizado por especialistas com vasto conhecimento fisiológico.

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Resumo sobre a mumificação no Egito Antigo

  • Os povos egípcios da Antiguidade realizavam a mumificação com o intuito de preservar ao máximo o corpo do indivíduo que falecera, garantindo seu retorno e identificação do corpo pelo espírito.

  • A mumificação do Egito Antigo tem origem no século IV a.C. e tinha objetivo puramente religioso, pois somente com a preservação do corpo a passagem para outra vida seria assegurada.

  • O processo de mumificação no Egito Antigo era minucioso e realizado por especialistas com vasto conhecimento do corpo humano, que retiravam os órgãos internos e mantinham o coração.

  • Inicialmente, somente o faraó tinha direito à mumificação no Egito Antigo. Depois, isso se estendeu aos nobres e, posteriormente, a quem pudesse pagar pelo procedimento.

  • O nome “múmia” originou-se com os árabes. A palavra árabe mummyia significa “betume”, material que eles acharam que era utilizado no processo de mumificação.

  • Animais também eram mumificados, pois acreditava-se que os deuses também poderiam se manifestar por meio deles.

Por que os egípcios faziam a mumificação?

O povo do Egito Antigo criou uma sociedade baseada na religiosidade e na crença de seus deuses. Os egípcios acreditavam na vida eterna após a morte e que o espírito do falecido só poderia ingressar nessa nova jornada se ele pudesse reconhecer seu próprio corpo.

Dessa maneira, a mumificação era realizada com o intuito de preservar ao máximo o cadáver para que fosse reconhecido pelo espírito do falecido, garantindo o retorno do espírito ao seu receptáculo original. A prática de mumificação era um rito de extrema importância na religião dos povos egípcios antigos.

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Origem da mumificação do Egito Antigo

A mumificação tem origem puramente religiosa. Claramente não seria possível sem a avançada Medicina do Egito Antigo, porém não acontecia por razões médicas ou científicas, mas, sim, por causa do rito que havia na religião politeísta da época, que continha a ideia de vida eterna. E somente com a preservação do corpo a passagem para a outra vida seria assegurada.

Durante o século IV a.C., os corpos que eram enterrados na areia tinham sua umidade bastante reduzida, o que garantia a preservação dos corpos até certo ponto. Contudo, a partir do momento em que os corpos passaram a ser colocados em túmulos, a preservação por meios artificiais começou a ocorrer.

Como era o processo de mumificação no Egito Antigo?

Múmia do Egito Antigo em exposição no Museu Britânico, em Londres, exemplo de resultado do processo de mumificação.
Detalhe de uma múmia do Egito Antigo no Museu Britânico, em Londres. [1]

O processo de mumificação era minucioso e realizado por peritos com ampla noção sobre o corpo humano. O embalsamamento realizado nos corpos dos egípcios foi, primeiramente, descrito pelo historiador Heródoto e, posteriormente, confirmado pela ciência, por meio de pesquisas e processos tecnológicos.

Fundamentalmente, os órgãos internos do indivíduo eram retirados, para evitar que se deteriorassem rapidamente. O cérebro era retirado em pedaços por uma incisão precisa feita pela narina. Em seguida, eram retirados os órgãos do tronco, por uma incisão lateral. Apenas o coração ficava no lugar. Acreditava-se que o coração era o centro do ser e de sua inteligência, além de ser utilizado no além como medida de julgamento das ações do indivíduo.

Depois de retirados os órgãos internos, o corpo era envolvido por 70 dias em uma substância chamada natrão, um composto de sais de sódio que retirava a umidade do cadáver a fim de manter a preservação do corpo e eliminar bactérias que pudessem avançar a deterioração.

Ademais, o cadáver era preenchido com serragem e algumas ervas aromáticas e só então envolto com muito cuidado em bandagens de linho, fixadas por uma resina que revestia o corpo. Nesse momento, amuletos e inscrições sagradas eram colocadas no pano, a fim de dar proteção ao espírito, além de serem recitadas orações e palavras “mágicas”.

Somente aí o corpo era colocado em um sarcófago, comumente com o rosto do falecido esculpido nele, para facilitar a identificação pelo espírito. Além disso, os órgãos também passavam por um processo de preservação e eram colocados em vasos de cerâmica junto à tumba.

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Quem tinha direito à mumificação no Egito Antigo?

Quando a mumificação se iniciou no Egito Antigo, somente os faraós possuíam direito a ela, uma vez que eram os reis do Egito Antigo. Após o Antigo Império, esse privilégio começou a se estender aos nobres da sociedade, até o momento em que foi estendido a todos que pudessem arcar com os custos do procedimento. Como a mumificação era um processo complexo e caro, o processo podia variar e ser mais simples de acordo com a renda das famílias.

Curiosidades da mumificação no Egito Antigo

Máscara mortuária de Tutancâmon, um exemplo de embelezamento das múmias no processo de mumificação no Egito Antigo.
A máscara que cobria o rosto da múmia de Tutancâmon é a máscara mortuária mais famosa do mundo.
  • O nome múmia originou-se com os povos árabes. Quando se depararam com uma múmia, acreditam, erroneamente, que os egípcios usavam betume (substância mineral natural, rica em carbono e hidrogênio, que solta chamas e fumaça densas) no processo. A palavra árabe mummyia significa “betume”.

  • Animais também eram mumificados. Os egípcios acreditavam que seus deuses também poderiam se manifestar por meio dos animais. Assim, alguns também eram mumificados e até criados com esse propósito.

  • O local de mumificação, normalmente, eram tendas às margens do rio Nilo. O lugar era conhecido como Ibu, o que significa “local de purificação”, e ficava perto de cemitérios antigos.

  • Entre 400 d.C. e o século XIX, alguns europeus acreditavam que as múmias podiam ter efeitos medicinais. A crença se devia pela suposição de que elas eram embalsamadas com betume natural, o que poderia ter efeitos medicinais.

  • As múmias eram embelezadas para o pós-morte. Algumas eram pintadas por completo: unhas pintadas, pinturas de henna e até mesmo perucas, tudo a fim de dar a elas uma “boa impressão” no mundo espiritual.

Crédito de imagem

[1] Jaroslav Moravcik / Shutterstock

Por Mariana de Oliveira Lopes Barbosa

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