Querela das Investiduras

A Querela das Investiduras foi um dos principais acontecimentos da Idade Média, pois consistiu em uma contenda entre o poder temporal e o poder espiritual.
O Sacro Imperador Henrique IV diante do Papa Gregório VII
O Sacro Imperador Henrique IV diante do Papa Gregório VII
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Por Me. Cláudio Fernandes

Um dos pontos mais importantes para se entender a relação entre o poder eclesiástico e o poder imperial na Idade Média é a questão das investiduras. A investidura era a ação de nomear clérigos para cargos importantes, como bispos e abades. No período da Alta Idade Média, na época dos Reinos Francos, era comum que o rei fundasse mosteiros e abadias e investisse os clérigos em cargos de grande importância, tanto para a Igreja quando para o reino. Contudo, a partir do século X, começaram movimentos de reforma dentro da esfera eclesiástica. Os monges da Abadia de Cluny, na França, tiveram destaque nesse processo por exigirem mais autonomia política à Igreja. Essas exigências entraram em confronto com os interesses do Sacro Império Romano-Germânico, ocasionando a chamada Querela das Investiduras.

O problema central da querela, ou contenda, das investiduras estava no fato de que a própria autoridade máxima eclesiástica, o Papa, via-se enfraquecida diante do poder dos imperadores sobre a Igreja. Nos séculos XI e XII, a contenda entre Imperadores e Papas tornou-se muito ampla. Um dos pontos altos ocorreu quando o Papa Gregório VII promoveu sua onda de reformas, que incluía procedimentos como a reafirmação do celibato clerical e a proibição de imperadores nomearem (ou investirem) clérigos em cargos da Igreja – essa função caberia somente ao Papa.

Gregório VII era profundamente orientado pelas posições do Colégio dos Cardeais, criado pelo Papa Nicolau II, e pelas ideias reformadoras da Abadia de Cluny, de onde era originário. As reformas do Papa Gregório colocaram em xeque o poder do Sacro Imperador Henrique IV, que, em resposta, quis tirar a autoridade papal de Gregório VII e transferi-la a Clemente III. Diante dessa afronta, Gregório VII excomungou Henrique IV em 1076.

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Muitos principados alemães ligados ao Sacro Império aproveitaram esse episódio para se declararem independentes, considerando Henrique IV deposto do cargo de Sacro Imperador. Diante dessa pressão, Henrique IV viajou até a cidade de Canossa, na Itália, onde se encontrava o Papa, para se redimir de suas ações e pedir perdão, no episódio conhecido como Penitência de Canossa (ver imagem no topo). Gregório VII retirou a excomunhão de Henrique IV, mas o problema já havia tomado proporções maiores, haja vista que a aristocracia alemã havia eleito um novo Sacro Imperador para fazer frente a Henrique IV, seu nome era Rodolfo da Suábia.

Os problemas relacionados com o poder de investir os clérigos pela “lança” (imperador) ou pelo “báculo” (Papa) continuaram durante décadas. A solução mais razoável para a contenda foi encontrada na chamada Concordata de Worms, em 1122, conhecida também como Pactum Calixtinum, assinada pelo Papa Calisto II e pelo Sacro Imperador Henrique V, que dividiu a investidura entre aquela feita pelo rei (que dava a autoridade secular) e a feita pelo Papa, que dava a autoridade espiritual.

Por Cláudio Fernandes