Queda do Império Romano

A queda do Império Romano é como popularmente se conhece a desagregação do Império Romano do Ocidente. No lugar, uma série de reinos germânicos se estabeleceram.
Ilustração retratando combate entre romanos e bárbaros, em referência à queda do Império Romano.
As invasões germânicas foram um dos fatores que contribuíram para a queda do Império Romano.
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A queda do Império Romano é como se conhece a desagregação do Império Romano do Ocidente, oficialmente consolidada em 476. Esse acontecimento foi resultado de uma longa crise que afetava o Império Romano desde o século III. Como resultado disso, as terras romanas foram ocupadas por diferentes povos germânicos.

A queda do Império Romano teve razões diversas, entre as quais estão questões internas que envolviam a disputa pelo poder, a crise econômica, a crise do sistema escravista e, até mesmo, o cristianismo. Sobre os fatores externos, os povos germânicos tiveram um papel crucial, pois invadiram as terras romanas, conquistando a parte ocidental do território.

Leia mais: Como foi o estabelecimento dos reinos germânicos após o fim do Império Romano?

Resumo sobre a queda do Império Romano

  • A queda do Império Romano foi a sucessão de eventos catastróficos que resultou na desagregação do Império Romano do Ocidente.
  • Consolidou-se em 476, quando o último imperador romano foi destituído do trono.
  • A crise romana se iniciou no século III, tendo múltiplos fatores.
  • Entre os fatores internos, destacaram-se a disputa pelo poder, a crise econômica, a crise do sistema escravista etc.
  • Nos fatores externos, o grande destaque foram os povos germânicos e suas migrações.

Videoaula: Roma Antiga — Império Romano e sua crise

Quais foram as principais causas da queda do Império Romano?

A crise do Império Romano teve como ponto de partida o século III. A partir desse século, uma série de questões contribuíram para desestabilizar o império, abrindo possibilidade para a sua desagregação. É importante, no entanto, pontuar que há um intenso debate entre os historiadores sobre essas causas e não há um consenso a respeito.

De toda forma, a partir do século III, a economia romana entrou em colapso e uma série de motivos são elencados para tanto. Há historiadores que apontem para o fato de que a produção econômica romana foi afetada com uma crise no sistema escravista, que fez com que a produção se reduzisse. Outros historiadores apontam que crises internas de Roma geraram conflitos que afetaram a economia, resultando em inflação e desvalorização da moeda romana.

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Além disso, fala-se que os conflitos em Roma afetaram as rotas de comércio, prejudicando a prosperidade do império. Novos estudos também apontam que uma crise climática no século II afetou a produção e teve impacto na economia no século seguinte. Por fim, alguns historiadores apontam que a Praga Antonina, pandemia de varíola no século II, também teve pesado impacto na economia romana.

Politicamente, a administração romana não conseguiu mais lidar com a vastidão do território do império a partir do século III. A história romana nos seus séculos de crise foi marcada por golpes contra imperadores, assassinatos, disputas pelo poder, conspirações e corrupção. Além disso, os militares romanos se rebelaram, enfraquecendo o poder romano.

As províncias romanas, sobretudo as mais afastadas, estavam cada vez menos leais ao domínio romano, o que dificultava a administração desses locais. Tudo isso gerava enorme instabilidade política e prejudicava a unidade dos territórios do império. A saída encontrada pelos romanos foi dividi-lo.

Isso aconteceu por meio de Teodósio, que, em 395, dividiu o Império Romano em duas partes, a Ocidental, com capital em Roma, e a Oriental, com capital em Constantinopla. A divisão do império descentralizou o poder, no sentido de que agora havia duas porções autônomas, em Roma e Constantinopla. A parte Oriental era próspera o suficiente para salvar a si mesma, mas o mesmo não aconteceu com a parte Ocidental.

Além disso, houve a questão dos povos germânicos, vulgarmente conhecidos como bárbaros. Esses povos habitavam ao norte do limes, a fronteira do Império Romano no norte da Europa. O contato entre povos germânicos e romanos foi extenso ao longo da história, e até relações comerciais foram realizadas entre os lados.

A grande questão é que, a partir do século III, muitos desses povos começarão a migrar, e a direção que tomaram foi para o interior das terras romanas. Os historiadores não sabem exatamente os motivos para isso, mas especula-se que a procura por melhores terras e climas e a fuga de povos mais poderosos fizeram os germânicos se movimentarem.

O resultado foi uma sucessão de invasões ao território romano que se estendeu do século III ao V. O exército romano protegia as fronteiras muito bem até o século III, mas, daí em diante, ele se enfraqueceu, em parte pela crise econômica romana, e em parte pela integração cultural entre o povo romano e os invasores.

Entre os povos germânicos que invadiram as terras romanas estavam:

  • francos;
  • suevos;
  • alanos;
  • saxões;
  • jutos;
  • francos;
  • ostrogodos;
  • visigodos;
  • burgúndios;
  • alamanos;
  • vândalos.

Os hunos também invadiram o território romano, mas eles são originários da Ásia Central e não são entendidos como povos germânicos.

As invasões germânicas trouxeram a destruição ao Império Romano, uma vez que esses povos saqueavam os locais pelos quais passavam. Isso ampliou os problemas já existentes em Roma, prejudicando a produção, afetando as rotas de comércio e a economia.

Por último, vale mencionar que o crescimento do cristianismo também é visto por muitos historiadores como um fator para a crise romana, uma vez que causou significativas transformações culturais e sociais no interior o império.

Leia mais: Como a doutrina do cristianismo foi estabelecida na Idade Média?

Como aconteceu a queda do Império Romano?

Os historiadores entendem que a queda do Império Romano, oficialmente, aconteceu em 476. Nessa ocasião, é importante esclarecer que a desagregação atingiu a porção ocidental do império, uma vez que a oriental se manteve unificada sob o nome de Império Bizantino, existindo até o século XV.

Na ocasião, a cidade de Roma foi invadida por hérulos, turíngios e esciros, diferentes povos germânicos que estavam sob a liderança de Odoacro. A invasão de Roma aconteceu porque esses povos decidiram se rebelar contra o imperador da ocasião, Rômulo Augusto, que tinha apenas 14 anos de idade.

Com a invasão de Roma, o imperador foi deposto, mas sua vida foi poupada, o que era bastante incomum. A revolta contra Rômulo Augusto foi resultado de um desentendimento de Odoacro com Orestes, pai do imperador romano. A deposição de Rômulo Augusto é entendida como o fim do Império Romano do Ocidente.

Com o fim do Império Romano na Europa Ocidental, essas terras foram sendo ocupadas por diferentes povos germânicos, dando origem a reinos que misturaram a cultura latina com a cultura romana. Essa integração cultural entre germânicos e latinos foi uma das marcas da Idade Média na Europa.

Quais foram as consequências da queda do Império Romano?

A queda do Império Romano gerou inúmeras consequências, entre as quais:

  • Fragmentação política: a estrutura centralizada em Roma deixou de existir, e uma série de novos reinos germânicos se estabeleceu na Europa Ocidental. Esses reinos se estruturaram politicamente de maneira distinta da forma como se organizavam os romanos.
  • Violência: a desagregação romana trouxe enorme violência para as terras romanas, sobretudo relacionada com as invasões germânicas. Por onde passavam, os germânicos traziam uma grande destruição porque saqueavam tudo que podiam. Essa violência se concentrou, em grande parte, nas cidades.
  • Ruralização da Europa: a cultura citadina romana era muito forte, mas a decadência romana no período levou a um forte esvaziamento das cidades romanas. Estas eram alvos fáceis de saques, além de ficarem distantes dos centros produtores de alimento.
  • Integração cultural: a cultura romana e a germânica se misturaram na Europa Ocidental, dando origem a uma cultura híbrida nos novos reinos que se estabeleceram.
  • Diminuição populacional: a violência trazida pelos conflitos entre romanos e germânicos, os saques a cidades, a destruição das colheitas, entre outros fatores, contribuíram para um aumento da mortalidade, resultando em uma redução populacional na Europa Ocidental.
  • Enfraquecimento econômico: a queda do Império Romano resultou em um enorme declínio econômico, uma vez que os centros de produção foram destruídos, as rotas de comércio deixaram de existir, e a moeda foi praticamente abandonada.

Exercícios sobre a queda do Império Romano

Questão 01

A desagregação do Império Romano, em 476, é utilizada como um marco cronológico que deu início a qual período da história:

A) Período Clássico

B) Idade Antiga

C) Idade Moderna

D) Idade Média

E) Idade dos Metais

Resposta: Letra D

Cronologicamente, dentro da divisão clássica da história, a queda de Rômulo Augusto e a desagregação do Império Romano do Ocidente foram estabelecidas pelos historiadores como o marco que deu início à Idade Média.

Questão 02

Povo originário da Ásia Central que invadiu as terras romanas, disseminando pânico e fazendo com que muitos povos germânicos fugissem deles:

A) hunos

B) alamanos

C) eslavos

D) tártaros

E) húngaros

Resposta: Letra A

Os hunos eram originários da Ásia Central e, no século IV, iniciaram uma lenta migração na direção das terras romanas. Os hunos atacaram uma série de povos germânicos, como os alunos e os godos, fazendo com que muitos povos fugissem deles. Eram liderados por Átila e entraram em declínio depois da morte de seu líder, em 453.

Fontes

FRANCO JUNIOR, Hilário. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006.

LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. Petrópolis: Vozes, 2011.

LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente medieval. Petrópolis: Vozes, 2016.

Por Daniel Neves Silva

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